Diabetes: Sintomas, tratamentos e especialidades médicas

Descobrir que tem diabetes ou está "pré-diabético" é algo que, literalmente, muda nossa vida e a rotina dos nossos familiares. Aqui você encontra informações sobre o que é diabetes, quais os sintomas do diabetes, tratamentos e especialidades médicas envolvidas.

Ouvir alguém falando que está com "açúcar elevado no sangue" parece ser algo inofensivo, afinal, que de mal poderia trazer um sorvetinho, um refrigerante bem gelado, aquela macarronada de domingo ou um pedaço de bolo de chocolate? Esses alimentos no dia a dia podem ser bastante agradáveis ao paladar e - talvez por isso - nem paramos para pensar se nosso corpo está aceitando bem todos açúcares, carboidratos e gorduras contidos neles ou se, silenciosamente, podemos estar desenvolvendo um quadro de diabetes.

Alimentos como sorvete, refrigerante, massas e bolos são ricos em açúcares e carboidratos, que são rapidamente convertidos em glicose no sangue. Essa ingestão frequente e em excesso pode levar ao aumento dos níveis de açúcar no sangue, que podem ultrapassar os limites que cada corpo humano consegue processar, levando ao desequilíbrio.

No início, a elevação da glicemia não causa dor ou qualquer outro desconforto, tornando o diabetes um vilão silencioso que irá mostrar suas primeiras consequências, geralmente, cerca de 5 anos após o seu início. Sintomas iniciais do diabetes como a visão turva, fome excessiva, cansaço, sede e o aumento da frequência urinária acabam sendo interpretados como outras causas ou colocados na conta do "stress", postergando cada vez mais o diagnóstico do diabetes.

Segundo estimativas da Federação Internacional de Diabetes (IDF), existem mais de 7,7 milhões de casos não diagnosticados no Brasil. São pessoas que têm diabetes mas não sabem. O atraso no diagnóstico faz com que o paciente portador de diabetes mantenha uma dieta com níveis altos de glicemia por tempo prolongado, rotina que, sem tratamento, pode levar a lesões vasculares de órgãos importante como coração, cérebro, rins e olhos. O diabetes é um dos principais fatores de risco para morbidades como infarto cardíaco, derrame (AVC), insuficiência renal e cegueira.

Quais os tipos de diabetes e como manter distância da doença

O excesso de açúcar ao longo da vida é a principal causa do Diabetes Tipo 2 na vida adulta, por isso, tendo sido diagnosticado com diabetes ou não, é recomendado que todos tenham uma dieta equilibrada para uma vida saudável em todos os sentidos.

O diabetes é uma doença metabólica caracterizada pela hiperglicemia, ou seja, aumento do açúcar no sangue decorrente ao defeito na produção de insulina ou diminuição da ação da insulina ou os dois fatores associados.

Diabetes Tipo 2 é caracterizado pela utilização inadequada da insulina pelo nosso corpo e representa 90% dos portados de diabetes. Por vezes, o portador de Diabetes Tipo 2 pode ter altos níveis de insulina, mas não conseguem exercer sua função adequadamente. Esse tipo de diabetes é adquirido principalmente pela obesidade, sedentarismo e má alimentação. É claro que a genética e história familiar influenciam, mas se houver cuidados com simples mudança no estilo de vida podemos evita-lo.

Além do Tipo 2, há também o Diabetes Tipo 1, que geralmente é diagnosticado na infância ou na adolescência e é causado por doença autoimune que destrói as células produtoras de insulina, e o Diabetes Gestacional, que pode ocorrer em qualquer mulher e nem sempre os sintomas são identificáveis, sendo uma situação de risco para a gestante e para o bebê.

Qual o médico que trata diabetes?

Endocrinologista é o médico que cuida da diabetes. Mas não se resume a isso, além de diagnosticar a doença, fazer o acompanhamento e ser o médico especialista em diabetes, o médico endocrinologista é como um maestro que faz a regência de uma orquestra, já que trabalha em conjunto com o oftalmologista, nutricionista, nefrologista, cardiologista e outros profissionais da saúde para o bem-estar do paciente com diabetes.

Diabetes é uma doença sistemica que ataca diversas áreas do corpo se não controlada. É possível que o primeiro médico a orientar você a procurar um endocrinologista seja o seu oftalmologista, já que é no fundo do olho (retina) que estão os vasos mais finos do corpo humano, sendo o primeiro lugar a sentir o efeito do açúcar elevado no sangue.

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Funcionamento da insulina e riscos da hiperglicemia

Normalmente, após ingestão e digestão de açúcares, os carboidratos são absorvidos no intestino e direcionado no sangue dentro dos vasos sanguíneos para outros órgãos do corpo. Os carboidratos são o combustível essencial para fornecer energia e funcionamento de todos os tecidos de todos nossos órgãos. Para que o açúcar seja aproveitado pelas células dos tecidos, necessitamos da insulina para transportar o açúcar do sangue para células. Por isso, sem insulina ou falta da sensibilidade na função da insulina (resistência à insulina) o açúcar aumenta no sangue, fato conhecido como hiperglicemia.

A hiperglicemia é responsável por feridas no endotélio dos vasos sanguíneos (células da parede dos vasos sanguíneos). À lesão induz o acúmulo de placas de gordura no lúmen dos grandes vasos (aterosclerose) e processo oxidativo em vasos menores. A formação da aterosclerose é lenta e gradativa até o estreitamento do lume dos vasos e obstrução do vaso sanguíneo. O tecido que não recebe oxigênio e outro nutrientes do sangue morrem e ocasionam o famoso infarto cardíaco e isquemia do cérebro (AVC). Já em estruturas menores como os olhos, além da isquemia, processos oxidativos aumentam a permeabilidade e induzem extravasamento de fluido dos vasos para as estruturas oculares que deformam a retina e cristalino e levam a baixa visão.

Tratamento e cura do diabetes

Diabetes é uma doença crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Até o momento, não existe uma cura definitiva, mas os tratamentos têm evoluído significativamente. O manejo da doença geralmente envolve o controle do nível de açúcar no sangue por meio de dieta, medicamentos orais, insulina e monitoramento constante. O acompanhamento médico regular, especialmente com um endocrinologista, é crucial, e o paciente frequentemente necessita de assistência de outras especialidades como oftalmologia, cardiologia, neurologia e nefrologia, além de orientação nutricional.

Procurando por cura do diabetes na internet existem diversas promessas e dietas extravagantes, que vão desde batata que cura diabetes até tomar água de quiabo ou vinagre de maçã para diabetes. É importante destacar que muitas promessas de cura encontradas na internet, como dietas milagrosas ou remédios caseiros, não são baseadas em evidências científicas e podem ser perigosas. As formas alternativas de tratamento causam grande preocupação no meio médico, uma vez que podem levar o paciente ao controle irregular do diabetes.

Por ser considerado uma epidemia, o diabetes vem sendo estudado em várias frentes no mundo inteiro. Recentemente, houve avanços significativos no tratamento da diabetes, incluindo novos medicamentos e tecnologias. Por exemplo, medicamentos como Teplizumab mostraram promessa no atraso do início da diabetes tipo 1 em indivíduos de alto risco. Além disso, terapias celulares e outras inovações biomédicas estão em desenvolvimento, oferecendo esperança para um controle mais eficaz da doença.

Ozempic, conhecido cientificamente como Semaglutide, é um medicamento aprovado para o tratamento de diabetes tipo 2 em adultos. Este medicamento, que pertence à classe dos agonistas do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1), tem demonstrado eficácia na regulação e melhoria dos níveis de açúcar no sangue, reduzindo a hemoglobina A1C. No entanto, por ter sido observado que o Ozempic ajuda na perda de peso, pois retarda o esvaziamento gástrico, o que suprime o apetite, a semaglutide injetável tem sido fortemente citada como droga do emagrecimento, diferente da indicação em bula, deturbando sua função principal.

A cirurgia bariátrica, aprovada pelo Conselho Federal de Medicina como opção terapêutica a pessoas com Diabetes Tipo 2 que não atingem um bom controle da glicose com o tratamento convencional à base de remédios, ainda é um tema bastante controverso, e ganhou repercussão através dos famosos, como o apresentador Faustão e o senador e ex-jogador de futebol Romário. Pela orientação do CFM, o candidato deve ter entre 30 e 70 anos, Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 30 e ter menos de dez anos de diagnóstico da doença. Esta cirurgia não só ajuda na perda de peso mas também pode melhorar os níveis de glicose no sangue. No entanto, é importante notar que a cirurgia bariátrica não é adequada para todos os pacientes e deve ser considerada cuidadosamente em conjunto com orientação médica especializada.

Enquanto a pesquisa continua, o controle eficaz da diabetes ainda depende de uma combinação de tratamento médico, monitoramento regular, alimentação saudável, exercício físico e, em alguns casos, cirurgia. Com a rápida evolução na pesquisa e tratamento, há uma esperança contínua de melhores terapias e, potencialmente, uma cura no futuro.

Dra. Liene Midori Nakanishi

Oftalmologista especialista em Retina e Vítreo (CRM-DF 20240 / RQE 12088)